2023 FICARÁ MARCADO, PARA ILHÉUS, COMO O ANO DO CARNAVAL QUE EXISTIU SEM NUNCA TER EXISTIDO
Texto de: Júlio Cezar de Oliveira Gomes
2023 ficará marcado, para Ilhéus, como o ano do Carnaval que existiu sem nunca ter existido.
Explico o aparente paradoxo: não houve anúncio prévio de que haveria Carnaval em Ilhéus. Quando me refiro a divulgação prévia, não falo da publicação das atrações poucos dias antes do evento, mas de assegurar, meses antes, para a iniciativa privada, para as agências de turismo, para os órgãos oficiais de promoção ao turismo e para o Governo do Estado que haverá Carnaval e, quanto aos dois últimos, pedir com a devida antecedência o apoio para sua realização.
Porém, mesmo sem prévio aviso, vimos, às vésperas da festa, algumas alusões a algo que os gestores de nosso município chamaram de Carnaval Cultural, ressuscitando um nome que foi utilizado pelo ex-prefeito Jabes Ribeiro em suas gestões, com algum sucesso naquela ocasião, já que se fazia vários palcos temáticos e se contratava artistas regionais para animar a festa. Mas, desta vez, só o nome foi copiado, e tristemente mal copiado.
A chama do Carnaval, sem dúvida, continua viva no coração do povo de Ilhéus, e os diversos blocos que, valentemente, desfilaram deram prova disso. Porém, o Poder Público municipal, mais uma vez, não fez sua parte: não contratou atrações, não divulgou a festa, não manteve nenhum outro atrativo (como feira de turismo, parque de diversões ou outro qualquer) e deu continuidade à precária limpeza urbana que há muitos anos caracteriza nossa cidade até mesmo em suas áreas centrais.
É certo que alguns setores do serviço público municipal, como Sutram, Limpeza Urbana e Guarda Municipal, estiveram presentes nos eventos de rua, porém isso é o apoio para que o Carnaval ocorra, mas isso não realiza a festa, não faz o Carnaval em si.
Enquanto as poucas atividades carnavalescas começavam em Ilhéus em torno das 19h para se encerrar no máximo às 22h30, assistíamos pela TV e demais meios de imprensa o Carnaval – este, sim, com letra maiúscula – acontecendo de verdade em Itacaré e em Porto Seguro.
E se estes dois municípios fazem, por que Ilhéus não faz?
Penso que em um município litorâneo, com destaque cultural e onde o turismo tenta ser atividade econômica relevante, a Prefeitura não tem o direito de deixar de fazer Carnaval, e um Carnaval que preste, com boas atrações, estrutura, segurança e bons resultados econômicos e sociais para todos.
Mas o que vimos?
Blocos populares desfilando no peito e na raça enquanto o Poder Municipal dava de si o mínimo e sempre de forma desorganizada, algo simbolizado na estrutura montada para absolutamente nada em frente ao Cine Santa Clara, na Avenida Soares Lopes.
Se há redenção, ela é dos pouquíssimos servidores da limpeza urbana que, munidos apenas com vassouras e carros de mão, tentavam heroicamente retirar da Praça Castro Alves (da Irene), nesta Terça-Feira (21), a sujeira, as garrafas e o lixo ali acumulados desde domingo à noite, último dia em que houve festividades, pateticamente suspensa pelos gestores municipais sob a alegação de que fortes chuvas poderiam ocorrer. Mas, quem conhece mais a vida sabe que é apenas uma forma de fugir ao vexame público.
São tristes retratos do retumbante fracasso de nosso Carnaval, que pôde ser visto também ontem (20) à noite, quando milhares de pessoas vieram para a Avenida Soares Lopes e, decepcionadas, encontraram o que o atual governo municipal lhes preparou: nada, absolutamente nada!
O Carnaval 2023 só não foi pior do que aqueles que não foram feitos, como tantas vezes aconteceu devido ao descompromisso com o turismo e a renda de nossos gestores anteriores. Mas, entre os que aconteceram, foi, sem dúvida, o pior da história de Ilhéus.
Julio Cezar de Oliveira Gomes graduado em História e em Direito pela Uesc.
Resposta de Giy
A cultura Ilheense está sendo esmagada.
★ ★ ★ ★ ★ Em 23-02-2023 às 07-47h 5