"O principal é essa mudança de postura da população, inclusive da população de Itabuna que se indignou, filmou e divulgou", explanou a doutora.

Em diálogo com o comunicador Vila Nova no programa O Tabuleiro, a dra. Silvana Lins abordou a situação estarrecedora que foi registrada pelos Itabunenses e amplamente divulgada nas redes, na qual a prefeitura de Itabuna retira as baronesas das ruas e joga no rio Cachoeira, que com a forte correnteza chega até a cidade de Ilhéus. "Eu vi um vídeo no Instagram do O Tabuleiro, você foi a primeira pessoa que me mostrou esse vídeo, e aí eu comecei a ver repercussões imediatas em vários grupos de whatsapp da cidade de Ilhéus".

Ao ser questionada se o fato de se tratar de baronesas configura crime ambiental ela afirma que "se houvesse apenas e tão somente a matéria orgânica, ainda assim haveria uma dificuldade no escoamento das águas porque o acumulo desse material nas pedras poderia inclusive diminuir a vazão das águas, como está ocorrendo naturalmente, [...] mas é muito visível no vídeo que existe muito material plástico, existe inclusive uma carcaça de geladeira em um dos vídeos que foram divulgados na internet, então a gente não sabe o quanto disso seria retornado para o rio".

Além disso, a doutora pontua que essa é uma problemática há muito existente. "É um problema antigo, é um problema inclusive que tem que ser pensado a nível regional. Desde que eu estudava na UESC que eu já ouvia as discussões sobre o comitê da bacia hidrográfica do rio Cachoeira, e no entanto os gestores precisam dessa ação coordenada. O clamor popular fez com que a gente tomasse essa iniciativa e mostrou que a população não quer mais que isso aconteça". Ela ainda complementa a importância dessa atitude das pessoas que se mobilizaram diante desse cenário. "O principal é essa mudança de postura da população, inclusive da população de Itabuna que se indignou, filmou e divulgou. Porque se o pessoal de Itabuna não tivesse se indignado com essa situação, talvez nós de Ilhéus só tivéssemos conhecimento disso quando chegasse mais baronesa, quando chegasse carcaça de geladeira, carcaça de sofá, ou quando o pessoal viesse em janeiro depois que tudo isso parasse e dissesse assim 'olha, as praias de Ilhéus estão imundas', que é o que a gente ouve todos os anos porque todos os anos descem baronesas", afirmou.

A dra. Silvana declarou também a sua iniciativa de buscar alternativas para solucionar este quadro "Busquei um grupo de procuradores municipais, é um grupo de whatsapp que existe, com advogados que trabalham com direito administrativo, mencionei, questionei, não houve uma resposta oficial, mas também não era o canal, era mais uma interlocução entre profissionais". Visando uma resolução mais efetiva, a doutora acionou o Ministério Público. "O Ministério Público é a instituição que tem a função de defender os interesses da coletividade e os interesses difusos, ou seja, daqueles que você não consegue individualizar, você não consegue separar quais grupos de pessoas serão mais prejudicados ou menos. [...] Eu tenho que fazer o que eu posso para ajudar a minha cidade, e aí foi quando me ocorreu entrar em contato oficialmente com o Ministério Público, me identificar, dizer que eu estava enviando os vídeos que foram coletados de grupos de whatsapp, de perfis de instagram, e prontamente eu fui atendida, e prontamente eu fui informada que esses vídeos seriam encaminhados para o Ministério Público de Itabuna e que o promotor do recesso era o dr. Inocêncio. Pouco tempo depois que eu encaminhei esses vídeos, começou a circular um novo vídeo onde o detrito saído do rio Cachoeira já estava sendo colocado na caçamba. Imediatamente eu encaminhei também".

Sem muita demora, a doutora teve uma resposta sobre os encaminhamentos realizados. "Eu recebi a informação do Ministério Público de que já havia uma reunião designada, dr. Inocêncio já tinha tomado conhecimento dos vídeos e já havia convocado os gestor de Itabuna para uma reunião. Eu prontamente aguardei e me coloquei à disposição para o que fosse necessário. No final da tarde a gente já recebeu a notícia de que o termo de ajustamento de conduta foi feito, e que o gestor concordou com a não colocação desses detritos no rio Cachoeira".

"A gente fica muito feliz que a atuação do Ministério Público foi muito rápida, foi muito assertiva, e a gente espera que isso possa ser a nova prática dos gestores da região. Essa cobrança dessa postura e de ouvir a população, porque o principal de tudo é que o clamor da população foi atendido", concluiu.

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