DEPUTADO FEDERAL ALEXANDRE RAMAGEM É ALVO DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL
Parlamentar foi diretor da Abin durante o governo passado. PF investiga suposto monitoramento ilegal feito pela agência de inteligência
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi um dos alvos de busca e apreensão da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira. Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) , ele é homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o escolheu para ser o candidato do partido à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.
Além dele, outros sete policiais federais e três servidores da Abin são alvos da operação da PF, que investiga um suposto monitoramento ilegal feito pelo órgão durante o governo Bolsonaro.
Policiais federais cumprem ao todo 21 mandados de busca e apreensão. As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília/DF (18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).
Como revelou O GLOBO em março do ano passado, a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.
O FirstMile tinha capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho.
A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.
Segundo a PF, a operação de hoje é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
O inquérito apontou que as provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da própria Polícia Federal.
"Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei", informou a PF, em nota.
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