Segundo Henrique Almeida, com base na cotação atual da bolsa de Nova York e do dólar, o preço por arroba deveria estar acima de R$ 1.000,00, mas o mercado está pagando apenas R$ 820,00

Nesta sexta-feira (27), o empresário e cacauicultor Henrique Almeida enviou um texto ao programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, em que expressa indignação com a situação do mercado do cacau no Brasil e critica o que chama de “silêncio sepulcral” das lideranças do setor diante das adversidades enfrentadas pelos produtores.

Henrique denuncia que as indústrias estão aplicando um deságio significativo de US$ 2.000 por tonelada de cacau, o que reduz drasticamente os valores pagos aos produtores. Segundo ele, com base na cotação atual da bolsa de Nova York e do dólar, o preço por arroba deveria estar acima de R$ 1.000,00, mas o mercado está pagando apenas R$ 820,00.

O empresário relembrou um movimento histórico ocorrido há cerca de 12 anos, quando produtores organizaram um protesto e fecharam o porto de Ilhéus. Na ocasião, o ato resultou em uma reunião em Brasília e na proibição temporária da importação de cacau da Costa do Marfim, medida que posteriormente foi revogada.

Henrique também destacou que a atual situação se agrava com a queda significativa da produção de cacau na Bahia, estimada em cerca de 40%. Apesar disso, segundo ele, há uma tentativa de criar uma narrativa positiva sobre o setor. “A mídia anda divulgando que estamos voltando à bonança do passado”, afirmou.

O descontentamento expresso por Henrique Almeida ocorre em um momento de alta no preço internacional do cacau, reflexo de uma oferta global limitada, principalmente na África Ocidental. O Brasil, apesar de ser historicamente um dos maiores produtores do grão, enfrenta desafios como produtividade reduzida e concorrência internacional.

A fala de Henrique ecoa um sentimento de insatisfação crescente entre os produtores regionais, que cobram medidas das lideranças políticas e do setor para garantir preços justos e apoio à produção local. O silêncio mencionado pelo cacauicultor reforça o alerta para a necessidade de um diálogo mais ativo e transparente sobre as dificuldades enfrentadas pelos produtores.