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INICIATIVAS DO IF BAIANO FORTALECEM CADEIA DE VALOR DO CACAU E CHOCOLATE NA BAHIA

INICIATIVAS DO IF BAIANO FORTALECEM CADEIA DE VALOR DO CACAU E CHOCOLATE NA BAHIA
Por: Redação O Tabuleiro
Dia 31/03/2021 08h19

A iniciativa visa potencializar e fortalecer a cadeia de valor cacau-chocolate, o setor da agricultura familiar e a identidade cultural da região marcada pelo cultivo do cacau.

Difícil falar de Páscoa sem lembrar do chocolate. Mas, antes de chegar à mesa como bombom, barra ou ovo de páscoa, sua matéria-prima, o cacau, precisa de um cultivo de qualidade. No Sul da Bahia, a cadeia produtiva do fruto cresce e amplia seu prestígio, tendo iniciativas do IF Baiano, como o Movimento Cacau, Chocolate e Cultura, como parceiras desse desenvolvimento.

O Brasil está entre os maiores produtores de cacau no mundo. O fruto, originário da Amazônia, encontrou nas matas úmidas do Litoral Sul Baiano, o ambiente propício para o seu desenvolvimento e hoje o estado é o 2° maior produtor de cacau do país. Recentemente, o território foi reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com a Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência, reafirmando a qualidade do cacau produzido na região.

No Litoral Sul Baiano é onde está localizado o Campus Uruçuca do IF Baiano. Hoje, a unidade tem papel central na formação e qualificação profissional na região com a oferta de cursos técnicos, graduações, pós-graduações e atividades de pesquisa e extensão com foco na produção, no processamento e no turismo relacionados à cadeia do cacau e do chocolate.

Além disso, a instituição vem fortalecendo a parceria entre a comunidade acadêmica e produtores de amêndoas de cacau, nibs (sementes processadas de cacau), achocolatados e chocolates por meio do Movimento Cacau, Chocolate e Cultura (MCCC). A iniciativa visa potencializar e fortalecer a cadeia de valor cacau-chocolate, o setor da agricultura familiar e a identidade cultural da região marcada pelo cultivo do cacau. 

Segundo o coordenador da iniciativa e docente do IF Baiano, Ivan Pereira, o movimento surgiu em 2018, dentro do grupo de pesquisa Ciência e Tecnologia de Alimentos da Bahia, formado por estudantes e professores do Campus Uruçuca, pela necessidade de popularizar e divulgar a ciência alimentícia realizada pelo Instituto. “A ideia é mostrar para o produtor quais são as tecnologias disponíveis, qual é a ciência do cacau e do chocolate, como se faz uma boa fermentação e quais são os equipamentos necessários para isso”, explica.

Qualificação profissional para a agricultura familiar

Arlene Amurim dos Santos é uma das beneficiadas pelas ações do MCCC. Mãe de um aluno do curso de Agroecologia, a agricultora participou do curso “Do Cacau ao Chocolate”, promovido em 2019 pelo MCCC. Quase um ano depois da formação, ela iniciou, em meio à pandemia, sua produção de chocolate com o cacau extraído do próprio sítio. Com a aplicação do conhecimento técnico adquirido no curso, hoje ela consegue ampliar a renda familiar. “O IF foi para mim um impulsor da melhoria daquilo que eu já tinha como sonho”, relata a produtora, que até hoje tem o acompanhamento e orientação do MCCC para a produção do chocolate e fortalecimento do seu plantio de cacau.

A formação também ajuda produtores a compreender e valorizar seus produtos. “Os produtores já faziam um chocolate de qualidade, mas, por falta de informação, davam um preço, o cliente não aceitava e eles não conseguiam argumentar”, conta a estudante de Engenharia de Alimentos e integrante do MCCC, Juciana Ferreira. Ao informar ao produtor sobre como garantir a qualidade do chocolate desde a colheita, passando pela fermentação do fruto e pela classificação da amêndoa, o Movimento vem agregando valor de mercado ao produto.

 

Em movimento pelo reconhecimento do cacau do sul da Bahia 

Além do reconhecimento da IG, na modalidade Indicação de Procedência, que valoriza e protege juridicamente a região Sul da Bahia pelo cacau singular, especial e modo de produção sustentável, Ivan Pereira argumenta que é importante conquistar também a modalidade Denominação de Origem (DO), uma meta que o Movimento almeja ajudar a alcançar com ações em parceria com a Associação de Produtores do Sul da Bahia. “Para isso, precisa-se de mais investimento, cursos de formação, mais capacitação e maior envolvimento dos atores regionais que estão inseridos nessa cadeia de valor”, 

A Denominação de Origem é referente ao nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designa produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico. 

O trabalho de conclusão de curso do ex-aluno da Especialização em Cacau e Chocolate do IF Baiano, Cristiano Sant'ana, e diretor executivo do projeto IG Cacau, também trouxe contribuições importantes nesse sentido, apresentando comprovações para a consolidação da denominação de origem do cacau do sul da Bahia.

O estudo demonstra a especificidade do território de identidade Sul da Bahia, traduzido pelo cacau Catongo, uma mutação natural ocorrida na espécie Theobroma Cacao, que confere amêndoas de coloração interna branca ao fruto, e indica uma qualidade especial do mesmo. “Essas características não foram comprovadas cientificamente até agora em nenhuma outra região produtora de cacau no país e o apoio do IF Baiano, por meio do MCCC, vem sendo fundamental para a conquista de mais esse selo de qualidade para as regiões produtoras de cacau da Bahia”, destaca Sant'ana.  

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