A entrevista discutiu também falta de iniciativas na região sul da Bahia, como o Cacau Park, que será construído em São Paulo

Em entrevista ao programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, nesta quarta-feira, 4 de dezembro, o advogado Joabs Ribeiro revelou sua profunda conexão com o sul da Bahia, região que, para ele, carrega um valor inestimável, mas que enfrenta desafios históricos. Após passar 12 anos em Salvador, entre 2009 e 2020, ele retornou à sua terra natal, motivado pelo amor e pela esperança de ver a região prosperar. "Voltei pra cá porque não dá pra não amar essa região. Não dá pra não amar o sul da Bahia", afirmou.

No entanto, a realidade atual o deixa decepcionado e preocupado. "Num momento difícil como o de hoje, confesso que essa noticia me deixou estarrecido, decepcionado, frustrado. E olha que eu sou um cara de felicidade total. Você nunca me viu pra baixo, né?", desabafou sobre a notícia de que um parque temático do cacau será construído nos próximos três anos em São Paulo. O investimento de R$2 bilhões, é uma ação do governo do estado de São Paulo e a Cacau show. O projeto trouxe a toma o debate sobre a falta de iniciativas como essa na região sul da Bahia. Dr. Joabs destacou os problemas estruturais e econômicos da região que têm abalado o sentimento de pertencimento da população.

Dr. Joabs relembrou episódios emblemáticos para ilustrar a ausência de comprometimento político com o desenvolvimento local. Ele citou as promessas feitas por dois ex-presidentes em relação à recuperação da lavoura cacaueira. "No segundo governo de Lula, ele desceu de avião, pegou um helicóptero e foi até a CEPLAC. Lá, assinou a carta do protocolo de recuperação da lavoura cacaueira. Saí de lá contente demais. Mas me lembrei que Fernando Henrique tinha feito algo parecido quatro anos antes. E sabe o que percebi? Os dois mentiram", criticou.

Embora o Brasil tenha retomado o posto de maior produtor de cacau, a produção na região ainda enfrenta uma grave crise, agravada pela falta de incentivos, infraestrutura e assistência técnica. "Hoje estamos num processo de semi-extrativismo do cacau. Metade das fazendas é apenas extrativista, sem mais plantio. Restam alguns abnegados, apaixonados, que continuam plantando e produzindo cacau de qualidade", explicou.

Além disso, Dr. Joabs destacou a dependência social de programas assistenciais, como o Bolsa Família, e os números alarmantes de desemprego. "Atualmente, temos 54 milhões de pessoas no Bolsa Família e 14 milhões de desempregados. Esses números não batem na minha cabeça. Sou péssimo em matemática, mas bom em História, Geografia e Sociologia. E mesmo assim, algo parece errado", analisou.

A crítica à classe política foi contundente. Para Dr. Joabs, a região sofre com a falta de representatividade e investimentos significativos. "Quantos deputados votamos nesses 30 anos? Mais de 100, com certeza. Vejo deputados colocando emendas de 20 ou 30 milhões em outras cidades. Me dê uma emenda de 5 milhões em Ilhéus", ironizou.

Apesar do cenário desafiador, Dr. Joabs acredita em soluções práticas para reverter a crise e impulsionar a economia rural. Ele defende investimentos em assistência técnica, doação de mudas, manutenção de estradas e melhorias na infraestrutura agrícola. Para ele, é fundamental que a população resgate o sentimento de pertencimento e cobre ações concretas das lideranças. Sem isso, o sul da Bahia corre o risco de se tornar uma região isolada e sem representatividade no cenário nacional. "Se continuarmos nesse caminho, Ilhéus será reduzida a uma micro região cacaueira, isolada e sem representatividade", alertou, deixando um apelo pela união em prol do futuro da região.

Confira a entrevista completa:

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