O caso chama atenção para o grande número de animais abandonados na cidade

A cena registrada na imagem acima, feita na manhã desta quarta-feira (16), nas escadarias do Palácio Paranaguá, escancara uma realidade que não pode mais ser ignorada: a quantidade de cães abandonados vivendo nas ruas da cidade, especialmente no Centro Histórico, vem aumentando de forma visível.

Deitados nas escadarias do prédio centenário, símbolo do poder político e administrativo do município, ao menos cinco cachorros dividem o espaço como se ali fosse abrigo. Mais adiante, na praça J.J. Seabra, a situação é parecida. É comum encontrar grupos de cães e gatos circulando entre carros, turistas e moradores, em busca de sombra, comida ou simplesmente um lugar seguro para descansar.

A imagem dos animais dormindo em frente ao prédio da prefeitura é, ao mesmo tempo, curiosa e perturbadora. Curiosa pela tranquilidade com que ocupam o espaço; perturbadora por escancarar a ausência de políticas públicas efetivas de proteção e controle da população animal em Ilhéus.

Sob a nova gestão do prefeito Valderico Júnior, ainda não se sabe quais medidas estão sendo tomadas — ou planejadas — para enfrentar essa questão. O Centro de Controle de Zoonoses está em funcionamento? Há programas ativos de castração, resgate e adoção? Qual o orçamento e estrutura destinados ao cuidado animal na cidade?

Enquanto isso, protetores independentes e organizações não governamentais tentam preencher, com esforço e recursos próprios, uma lacuna que deveria ser prioridade do poder público. A responsabilidade, claro, também é coletiva: abandono é crime, e o cuidado com os animais é parte de uma cidade que se diz acolhedora e consciente.

A escadaria do Palácio Paranaguá virou símbolo — não de poder, mas de descaso. E a pergunta fica no ar: até quando os animais continuarão sendo ignorados em pleno centro do poder?