PRESIDENTE DA CÂMARA SETORIAL DO CACAU AFIRMA QUE A MONILÍASE ESTÁ SENDO MONITORADA NO NORTE, MAS AINDA EXISTE O RISCO DE SE ESPALHAR
Segundo Fausto Pinheiro, todo movimento que se dá no norte do Brasil, é muito grande pelos rios, e não é possível ter um controle absoluto
O presidente da Câmara Setorial Estadual do Cacau, Fausto Pinheiro, participou do programa O Tabuleiro para falar sobre a monilíase, uma praga que se tornou uma grande ameaça para os produtores de cacau no Brasil. A doença foi identificada em junho deste ano, no município de Urucurituba, no Amazonas.
A câmara setorial é responsável pelo debate entre os setores público e privado. De acordo com Fausto, todas as demandas existentes no setor, para serem levadas ao público, ao governador e ao secretário, devem ser discutidas pela câmara.
Durante a entrevista, Vila Nova lembrou a declaração do empresário e produtor de cacau Henrique Almeida que afirmou que se a monilíase chegar à Bahia, pode acarretar em problemas sérios na agricultura e deve ser algo superior à vassoura de bruxa.
Fausto confirmou e disse que uma reunião sobre o tema foi realizada no ano passado, em Salvador. "A diferença é que, no ambiente da vassoura de bruxa, nós não tínhamos um preparo que nós temos hoje. A diferença pra monilia é que a gente foi avisado antes. Há um ano eu consegui reunir em Salvador 95% da cadeia produtiva do cacau, que representa hoje em torno de R$ 25 bilhões. Nós desenvolvemos uma reunião de muito conteúdo, com a participação do Ministério Público, lideranças de todo o estado, secretários do Brasil inteiro e a gente conseguiu elaborar um documento que foi protocolado no estado e evoluímos para Brasília. Protocolamos esse documento no Ministério da Agricultura e fomos recebidos pelo ministro Carlos Fávaro, no sentido de ter ação tanto no curto prazo, como no longo prazo. O curto prazo significa que nós precisamos proteger as nossas fronteiras de imediato e informar o produtor A e B do risco que nós temos. Pra isso, a gente precisa de recurso e esse recurso foi discutido e autorizado pelo ministro. Mas, por uma infelicidade, ele foi contingenciado. Nós estamos novamente nesse exercício de fazer o ministério entender a importância disso, e ele sabe, para que volte a ter recurso suficiente para atender o curto prazo", detalhou.
Sobre o foco em Urucurituba, Fausto afirmou que o ministério está atuando e o governo do Pará tem sido ativo em contribuir financeiramente com aporte de capital, com equipe técnica da CEPLAC. "Todos estão ativos pra que isso não chegue a Belém. Se isso chegar ao estado do Pará, esse problema se multiplica por mil porque o estado tem uma relação direta com o sul da Bahia, no beneficiamento de suas amêndoas. Transportar cacau infectado pode comprometer a nossa lavoura no sul da Bahia", declarou.
Segundo Fausto, a monilíase está sendo monitorada em Urucurituba, mas ainda existe risco de se espalhar. "Todo movimento que se dá no norte do Brasil, é muito grande pelos rios. Não é possível ter um controle absoluto. A diferença é que sabemos do problema, mas ele é muito perigoso", salientou.
O presidente trouxe uma novidade sobre o material que deveria ser testado e estava há cinco anos no CENARGEN (Centro Nacional de Recursos Genéticos), em Brasília. Segundo Fausto, o material precisava ter saído de lá muito tempo antes. "Felizmente, eu acho que como resultado dessa presso maior, ele já foi para o Equador para iniciar os primeiros testes. Mas é importante dizer que esse tempo que a gente perdeu, vale ouro. Não se faz pesquisa em curto prazo", ressaltou.
Fausto afirmou que existem novas lideranças interessadas em aportar pressão no governo no sentido de a gente voltar a ter importância, e defendeu o cerco biológico para que a monilíase não chegue ao estado da Bahia.
Confira a entrevista completa:
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