"Para a sociedade brasileira, o trabalho do artista não é trabalho. Isso é questão de concepção de mundo, de conteúdo".

Em um emocionante desabafo, o ator, diretor e dramaturgo Romualdo Lisboa, contou no programa O Tabuleiro, Ilhéus-FM 105.9 na manhã desta quarta-feira (19), que o governo do Estado não efetuou o repasse dos recursos do Fundo de Cultural e por isso o Teatro Popular de Ilhéus está na eminência de perder a tenda na Avenida Soares Lopes,  pois não existe verba para manutenção , há meses.

Romualdo disse que os aluguéis da estrutura tanto do circo quanto dos dois containers estão atrasados e os proprietários estão com paciência com as dívidas. “ Toda nossa estrutura de som e iluminação colocamos nos containers    da bilheteria para não se deteriorar com a ação Do tempo. O rapaz da lona do circo não recebe há 11 meses” , contou.

A boa notícia é que o secretário municipal de Cultura e Turismo, Fabio Manzi, entrou em contato na última terça (18)  com Romualdo e garantiu que a prefeitura municipal irá intervir em relação ao aluguel do container até o repasse do fundo cultural chegar para quitar as dívidas.

Romualdo contou também que a Secretaria de Cultura informou que já existe disponível parte de todo o recurso que deve e que ainda não foi possível o repasse porque o TPI está com dívidas na EMBASA. “ Não tínhamos dinheiro para pagar a agua e cortaram. Já negociei com a EMBASA para nos emitir uma certidão positiva para recebermos o valor”, disse.

Além do Teatro Popular de Ilhéus, mais 16 instituições de arte e cultura que possuem grandes patrimônios do Estado passam por sérias dificuldades de manutenção pela falta do Fundo Cultural que está reduzindo a cada ano.

Durante o bate –papo , Lisboa aproveitou o espaço para falar o quanto a sociedade , de uma forma geral, não reconhece a importância da cultura e da arte como entretenimento.

 “Somos uma sociedade que deu errado. Para a sociedade brasileira,  o trabalho do artista não é trabalho. Isso é questão de concepção de mundo, de conteúdo. Nossa sociedade criou espaços para classes de cultura caras e raras, como museus, teatros e espetáculos e existe a produção da massa.  Isso é invenção da sociedade de consumo. É muito triste isso”, lamentou.

Clique e ouça na íntegra a entrevista com Romualdo Lisboa.