Ei, você aí. Você mesmo. Você é aquele cara que cultiva as belas-artes? É aquele cara ou aquela mulher dotada de habilidades especiais? Você desempenha seu ofício com destreza? Você é talentoso, hábil, engenhoso? Então você é um artista. Diz-se do artista aquele que tem vocação. O artista é um operário das emoções. E digo mais: O artista é o indivíduo que consegue dizer tudo aquilo que o outro tem vontade de dizer, mas não diz.
Qual a função do artista na Política Pública de Cultura? Quem é o mais interessado em todo o processo de construção destas políticas? Afinal, o que é uma Política Pública? O que é uma Política Cultural? Qual a função da Política Cultural? Qual a função do artista? Tem artista que não gosta de participar de discussões políticas. Uns preferem o silêncio, outros desdenham. Outros ainda acham que estão sujeitos à censura, mas esquecem que não estão - como diria o poeta Pedro Lyra - sujeitos ao silêncio.
Para início de conversa, uma Política Pública pode ser entendida como um “conjunto de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma prolixa ou para determinado seguimento social, étnico, econômico ou cultural!”
Partindo deste conceito, a Política Pública de Cultura seria um programa de intervenções realizadas pelo Estado, por instituições civis, entidades privadas ou grupos comunitários com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas, segundo o professor e pesquisador Teixeira Coelho. Se o objetivo de uma Política Pública de Cultura é satisfazer as necessidades culturais da população, então, o mais interessado nesta política não é o artista e sim a comunidade. E, por que a comunidade, via de regra, não participa da construção das Políticas Públicas de Cultura e sim os artistas? Bem, esta é uma discussão que merece até um outro texto. Então, deixemos para outro dia.
Se o objetivo da Política Pública de Cultura é satisfazer necessidades, a função dela é desenvolver o setor cultural, ou seja: “fortalecer a difusão e o consumo cultural, corrigir distorções, resolver os problemas detectados no diagnóstico”, diz o professor Alexandre Barbalho.
E a função do artista? Bem, a função do artista, enquanto artista, é falar pela sociedade. É o artista que utiliza suas obras para denunciar, encantar, abrir caminhos para novos pensamentos. Porém, a função do artista na Política de Cultura é ser um agente da política cultural. É o cara que vai transformar, construir e fortalecer esse negócio. É a ponte entre a sociedade civil e o poder público. O artista neste contexto é o provocador! O que dá o primeiro passo! O que enxerga solução onde o outro enxerga problema. O artista não fica com ‘a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar!’ O artista não espera, ele acontece!
“Um artistaé – para Edward Gordan Craig - aquele que percebe mais que seus companheiros, e que registra mais do que vê. " É aquele que possui, segundo o filósofo Paul Valéry, o objetivo profundo de dar mais do que aquilo que tem.
Se você sabe de toda essa capacidade, porque prefere se acomodar? Sai desse casulo, afasta-se da caverna e faz!