Já se falou que o tempo não passa, voa! Mas, também, já disseram que o tempo continua o mesmo e as necessidades e o trabalho do dia-a-dia é que cria a ilusão de que o tempo está passando depressa demais. Concordo. Não vamos ao cinema, jogar bola, tomar um sorvete com a namorada, simplesmente porque não temos tempo. E é por causa desta “falta de tempo” que a gente vai ficando para trás e não percebe as mensagens que ficam implícitas ou até mesmo ocultas na propaganda, nos jornais, nos livros e nos projetos.
Pois é, entre os objetivos específicos de um projeto há sempre outras intenções que não aquelas a que se propõe o projeto. O mesmo ocorre quando compramos. Segundo Martin Lindstrom, sexo na propaganda não vende. Modelos em trajes mínimos e poses provocantes não nos convencem a comprar nada. Talvez ele esteja certo, o fato é que muito daquilo que conhecíamos sobre os nossos motivos de consumo está equivocado. Os métodos persuasivos das agências de publicidade podem ser muito parecidos com os da religião, e isso sem o menor pudor, afirma Martin.
Jovens e crianças conseguem perceber mensagens subliminares em propagandas e são seduzidas por elas a adquirirem coisas que elas não precisam. As mensagens subliminares são definidas como mensagens visuais, auditivas ou sensoriais que estão um pouco abaixo do nosso nível de percepção consciente e que só podem ser detectadas pela mente subconsciente.
Acusações de mensagens subliminares ainda surgem de tempos em tempos, especialmente em filmes. Em 1973, durante uma sessão de “O Exorcista”, uma pessoa aterrorizada na plateia desmaiou e quebrou a mandíbula na poltrona à sua frente. Processou a Warner Brothers e os produtores do filme dizendo que as imagens subliminares do rosto de um demônio que lampejavam ao longo da projeção haviam causado o desmaio.
A Coca-cola é campeã em mensagens subliminares. Vi em uma de suas propagandas que mostrava dois jovens na praia, conversando. O garoto bebia o refrigerante quando seus amigos passaram num bugre convidando para uma nova aventura. Ele se despediu sem beijar a garota. Quando correu para o carro, ela gritou, ele voltou. A gente espera que ele vá beijá-la, mas, ao invés disso ela pede a latinha da coca. A tela escurece e quando retorna mostra a imagem da menina deitada em seu quarto olhando para a estante a sua frente. A imagem muda outra vez e a gente vê uma coleção completa de mais de cem latinhas de coca-cola seguida da mensagem: “Coca-cola é isso aí”. Precisa dizer mais alguma coisa?
Até bem pouco tempo, quando os cigarros ainda podiam ser veiculados na TV, instigavam os jovens a falsas aventuras apenas com um cigarro nos lábios. Conheço um cara que se sentia um verdadeiro caubói. Na cidade de Nevada, nos Estados Unidos, em 1990, dois garotos de 18 anos tentaram se suicidar. Seus pais levaram a banda britânica de heavy metal Judas Priest aos tribunais sob a acusação de que o grupo havia inserido mensagens subliminares – entre as quais “Let´s be dead” (Vamos morrer) e “Do it” (Faça) – em letras de canções. Embora os dois rapazes tivessem abandonado a escola e viessem de famílias muito problemáticas, um deles sobreviveu à tentativa de suicídio e disse em uma carta: “Acho que o álcool e a música heavy metal como a do Judas Priest nos hipnotizaram”. Mais tarde, a ação judicial foi recusada.