No ano de 1875, o Pontal de São João da Barra, começou a se desenvolver com a chegada de muitos pescadores de Palame, um lugarejo da costa norte da Província. Neste ano, Ilhéus exportava madeiras e lenha de mangue para o Rio de Janeiro em grandes navios de vela. Um decreto em outubro daquele ano declarou extintos todos os aldeamentos de índios do município, autorizando o governo a vender as terras. Os aldeamentos de Catolé, Barra do Salgado, São Pedro de Alcântara, Santo Antônio da Cruz e Olivença sumiram do mapa.
Foi neste ano que elas chegaram, as baronesas. Também batizadas de “dama do lago” ou “capim Amazonas”. Segundo Silva Campos, em Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, elas se multiplicaram nos rios Itaípe e Almada. A chegada das baronesas, de acordo com o historiador, foi através de uma senhora que achou a planta bonita, trouxe-a de Camamu para o tanque do seu engenho, em Almada. Num dia de muita chuva, a represa transbordou e o vegetal propagou-se nos rios. As plantas cresceram tanto que foi preciso a vinda de um engenheiro da Província da Bahia para estudar e resolver de vez o assunto. Mas não resolveu.
Em 1881, ano em que a Vila dos Ilhéus virou cidade, as baronesas tomavam conta de tudo. Enquanto não se resolvia, para as canoas transitarem no rio, os pescadores usavam “foice e até machado”. Hoje, elas descem de Itabuna quando as chuvas se intensificam nas cabeceiras dos rios.
A baía de Pontal de São João da Barra, hoje apenas Pontal, que possuía casas de palha até ser edificada a primeira de telha por Inácio das Neves, transforma-se no depositário ideal do belo capim Amazonas, forrando o espelho d´água de forma majestosa. Uma imagem, esteticamente bonita, se não fosse incômoda.
Entra ano, sai ano, elas vêm, elas se vão - fenecidas, é verdade. Daqui um dia surgirão ambientalistas, ao lado de dedicados culturalistas que dirão se tratar de Patrimônio Material da Cultura Grapiúna. E um, inapagável edil irá propor um Projeto de Lei para tombar a dama do lago. E ai de quem resolver retirá-las do rio Cachoeira e exterminá-las. O “maldito nenúfar”, como disse Silva Campos, está conosco há 144 anos. Viva a natureza!