Outro dia li um artigo intitulado: “O mundo após o coronavírus” onde o autor traça um panorama revelador sobre o uso da tecnologia no combate às doenças e de como, no futuro bem próximo, usaremos um equipamento em tempo real que poderá lhe dizer se você está próximo a ter um enfarte e tomar as precauções antes do pior acontecer.
O texto afirma que “hoje, pela primeira vez na história da humanidade, a tecnologia torna possível monitorar todos o tempo todo (...). Agora, entretanto, os governos podem confiar em sensores ubíquos e algoritmos poderosos (...). Em sua batalha contra a epidemia de coronavírus vários governos implantaram as novas ferramentas de vigilância”.
E ele cita o caso da China que “ao monitorar de perto os smartphones das pessoas, usar centenas de milhões de câmeras de reconhecimento facial e obrigar as pessoas a verificar e relatar sua temperatura corporal e condição médica, as autoridades chinesas podem, não apenas identificar rapidamente os suspeitos portadores de cononavírus, mas também rastrear seus movimentos e identificar qualquer pessoa com quem eles tenham entrado em contato. Uma série de aplicativos móveis avisa os cidadãos sobre sua proximidade com pacientes infectados”.
Não tenha dúvidas que os cidadãos chineses, brasileiros, italianos, espanhóis, depois desta pandemia poderão ser vigiados (mais do que já somos) 24 horas por dia. Não há sequer um passo que possamos dar que o governo já não saiba antes. Estas máquinas de identificação pessoal, de análise de comportamentos, conseguirão saber mais de nós que nós mesmos. Elas poderão, bem próximo, lhe recomendar alimentos, bebidas e atitudes a partir dos seus passos – e rastros, deixados na rede mundial de computadores.
Confesso que relutei para falar de coronavírus. Mas este artigo de Yuval Noah Harari é encantador. O autor de “Sapiens” e “Homo Deus” nos blinda com uma visão futurista e, ao mesmo tempo, tão presente, que parece assustador ao saber que “os algoritmos saberão que você está doente mesmo antes que você saiba e também saberão onde você esteve e com quem se encontrou. As cadeias de infecção poderão ser drasticamente encurtadas e até cortadas por completo. É possível que esse sistema, defensavelmente, consiga parar a epidemia em questão de dias. Parece maravilhoso, certo?”questiona o autor. E ele continua: “A desvantagem é, obviamente, que isso daria legitimidade a um novo e aterrador sistema de vigilância. Se você sabe, por exemplo, que cliquei no link da Fox News em vez do link da CNN, isso pode lhe informar algo sobre minhas opiniões políticas e talvez até sobre minha personalidade. Mas se você puder monitorar o que acontece com a temperatura do meu corpo, pressão sanguínea e frequência cardíaca enquanto assisto ao vídeo, você pode aprender o que me faz rir, o que me faz chorar e o que me deixa muito, muito zangado”.
Leia o texto “o mundo após o coronavírus”, de Yuval Noah Harari, e tire suas próprias conclusões. Afinal, como diz o autor, “aquilo que parecia ficção científica há 10 anos é, hoje, notícia velha”.