Patriae Litteras Colendo Serviam, no antigo latim, “Cultuando a pátria, servindo as letras” se estabeleceu como o lema de uma das mais longínquas academias de letras do Brasil, a Academia de Letras de Ilhéus. Fundada no dia 14 de março de 1959, na casa do poeta Abel Pereira, no Edifício Magalhães, 2º andar, apartamento 2, à Praça Visconde de Mauá. Plinio de Almeida, disse na ocasião “considerar aquele dia um dos maiores para os forais ilheenses, pois que, no dia do nascimento de um dos mais altos poetas das Américas, Castro Alves”. Estavam presentes naquele dia histórico, Nelson Schaun, Wilde Oliveira Lima e Plínio de Almeida e os convidados Dom Caetano Antonio Lima dos Santos, Osvaldo Ramos, José Cândido de Carvalho Filho, Halil Medaur, Jorge Fialho e Otávio Moura.
Havia ainda outros fundadores que não puderam estar presentes, mas se fizeram representar por Abel Pereira, como Fernando Diniz Gonçalves, Sosígenes Costa, Camilo de Jesus Lima, Raimundo Brito, Eusínio Lavigne, Ramiro Berbert de Castro, Flávio Jarbas, Heitor Dias, Flávio de Paula e Milton Santos, um dos maiores geógrafos do mundo, que morou um tempo em Ilhéus, e ministrou aulas no Instituto Municipal de Ensino – IME.
Muitos destes “servidores das letras” hoje dão nome a escolas, praças, centros culturais, bibliotecas e outros monumentos espalhados pelo Sul da Bahia e pelo Brasil. Para bem cumprir seus objetivos, a Academia de Letras de Ilhéus, tem como finalidade incentivar os autores da literatura baiana e da literatura brasileira, promovendo capacitações, cursos, eventos, feiras e festivais. Cumpre a esta egrégia casa de Abel Pereira, que não mediu esforços para criar esta casa, o papel de estimular, promover e coordenar o movimento intelectual onde quer que consiga chegar com sua influência, sugerindo aos poderes públicos as medidas convenientes. Mas é, também, objetivo da ALI, aproximar a sociedade civil de seus ideais. Por isso são promovidos recitais, encontros literários, debates e concursos literários.
Outros grandes nomes nacionais também fizeram parte da ALI, a exemplo de Adonias Filho, Jorge Amado, Zélia Gattai, Raymundo Pacheco Sá Barreto, Ariston Cardoso, Francolino Neto, Leopoldo Campos Monteiro, entre outros.
Entre os acadêmicos, a ALI é chamada de “Casa de Abel”, seu primeiro presidente e também idealizador e fundador. A frase “Cultuando a pátria, servindo as letras”, não é apenas um lema para embelezar este sodalício. Pelo contrário, como bem afirmou Plínio de Almeida, o primeiro orador, “uma academia de letras requer muito esforço, muito denodo, muita renúncia. (...) Portanto, necessário o esforço dos fundadores para que a obra não fracasse”.
Ser um “servidor ou uma servidora das letras”, como foi a poeta Janete Badaró; é a professora e historiadora Maria Luiza Heine e as poetisas Baísa Nora e Neuzamaria Kerner, não basta somente a promoção de eventos e encontros que congregue amantes das letras. Precisamos ser mais corajosos para converter outras pessoas em leitores como nós. Precisamos pegar a palavra dos autores clássicos, mas sobretudo dos autores locais, como eu, André Rosa, Rodrigo Melo, Heitor Brasileiro, Adroaldo Almeida, Tica Simões, Tom Figueiredo e o confrade Ruy Póvoas.
A gente só precisa falar sobre os livros. Existe uma forma mais direta de levar essas histórias ao público? A gente só precisa falar, como diz o manifesto a leitura, com paixão, com amor, despertando o interesse de quem ouve.
Vamos espalhar livros, vamos disseminar literatura. Vamos tentar acabar com a falta de leitura, com a preguiça de abrir um livro. Eu, você, todos nós, leitores, literatos, pesquisadores, professores, amantes do livro e da leitura, sabemos que um livro, apenas um livro, pode transformar uma vida.