A globalização é um negócio interessante. A gente consegue comer a mesma coisa, em qualquer lugar do planeta, sem passar nenhum perrengue. Maravilha! Tem MC Donald’s. Bob’s, Pizza Hut, Subway. Claro que estou citando aqui as redes de fast food. Se bem que “food”, aqui na Bahia, alerta meu amigo cantador Carlos Silva, “a gente usa numa outra situação”, que não convém neste momento explicar.
Contudo, se países em desenvolvimento, como o Brasil, sobretudo nos lugares mais longíquos desta nação, não tomar cuidado, o estrangeirismo vai invadir de uma vez por todas as nossas vidas que a gente, de forma involuntária ou deliberada, acabará dando outro sentido para uma mesma coisa. E a gente vai acabar falando de forma equivocada ou totalmente fora do contexto. Estou me referindo a faixa sobre a fachada de uma lanchonete, no bairro Nelson Costa, que diz: “ENTREGAMOS À DELIVERY”. Diante desta pandemia toda que nos assola eu até que entendi a boa vontade do cidadão-proprietário querendo dizer que fazia questão de entregar em sua casa o seu lanche preferido. Mesmo que ele estivesse escrito quase como um vício de linguagem, curiosamente bilíngue, inglês-português, que, traduzido quer afirmar que “ENTREGAMOS A ENTREGA” e você, caro cliente, pode ficar despreocupado porque se pediu, vai chegar. Afinal, entregamos a entrega que você escolheu.
Você já deve ter ouvido alguém falar, ou quem sabe até você mesmo já disse, que iria alugar um smoking pra ir a um casamento ou ao aniversário de uma debutante. Quem conhece bem a língua americana sabe que ninguém nos Estados Unidos diz que vai alugar ou comprar um smoking para ir a um show, e por falar em show, é outra palavra que ficou comum por aqui e na sua origem nada tem a ver com “os shows”que a gente curte no verão ou nestas lives que estão bobando por aí. Smoking é o mesmo que fumar, literalmente, fumando. Portanto, você não vai alugar um fumo pra ir a uma festa. A não ser que o fumo, tenha outro sentido antes de você curtir aquele casamento.
E show? Show é show! é que nem legal. Você é show! Você é legal. Mas a gente usa o termo pra dizer que vai assistir ao show de Caetano, do Aviões do Forró, de Lázaro, etc. E Motel? que se popularizou de tal maneira por aqui que se você viajar para os EUA e procurar um motel para se dar de bem com uma girl, se lascou! Motel lá é hotel, é lugar de respeito. Enquanto aqui, bem, não preciso nem entrar em detalhes.
Os americanos querem mesmo empurrar, goela abaixo, suas expressões consumistas mais comuns. E a gente, feito besta, vai mesmo aceitando e quando nem percebe já está falando o.k, vibe, hot dog, cheeseburger, china, box, store, diet, light, insight, top model, big brother, e-mail, website, hip hop, lan house, funk, gay, login, zoom, laser, bad boy!
É, meu amigo Bregueche, “tem gente falando happy, pensando que é feliz”, não é Carlos Silva?