Bom dia, seu Gilton, meu cordelista preferido. Autor de versos tão brejeiros, ladinos e marotos como os do poeta Gerson dos Anjos, igualmente deliciosos de ler e se encantar. Queria eu ter o jogo das palavras entrecortadas e carregadas de virtude como as do saudoso Popof. Quem me dera ter a suavidade da poesia adormecida e silenciosa do meu amigo Odilon Neto.
Não tenho a força prosélita que possuiu Jorge Amado em muitas de suas obras. Nem tampouco as histórias viscerais de Adonias Filho. Mas tento, entre frases metafóricas e histórias quase ficcionais trazer à memória amigos e amigas tão queridas como Janete Badaró e Dorival de Freitas.
Se eu pudesse ter a sagacidade e a literatura de uma Tica Simões e o olhar perspicaz e minucioso de uma Baísa Nora, talvez a minha escrita beirasse a suavidade de um Gabriel Garcia Marques. Porém, eu me deleito nos versos de Geraldo Lavigne, Rita Santana e Neuzamaria Kerner que me fazia contar uma história em rápidas pinceladas.
Ouvir a voz de Amanda Andrade, Pri Luparelli e Gabriela Maja é como mergulhar na idiossincrasia das letras de Eloah Monteiro, Laís Marques e Jacque Barreto, agora na Irlanda. O ritmo, a melodia, as raízes, os medos, a angústia, o encontro e a despedida se confundem em poesia e prosa, história e verso, verdades e mentiras. São as meninas autorais da música, escritas na partitura da vida, nas pedras do caminho, nas curvas de uma estrada. Só a poeira pode revelar a dor e a delícia de serem como são.
Não dá para esquecer das pinceladas que desnudam quintais e remetem a infâncias de outrora nos desenhos e traçados de Carlos Makalé e Nazir Maron. Ou nos riscos perfeitos, ferros desfeitos, entalhes, pedras, pinturas e telas de um renomado artista com sonoridade quase indígena no nome: Goca!
Ah, se estas linhas e palavras pudessem contar a história de cada um dos mais de duzentos nomes da nossa Cultura. Até daqueles que estiveram na técnica, servindo os artistas, como Adelson, Toni Neto, Djan, Geco e agora Gil, o preterido das mixagens, o mago da sonoridade, o construtor de harmonias, afinando vozes quase inaudíveis.
Cada um, em seu tempo, deixará aqui a sua marca, o seu traçado como o fez Pedrinho e Équio Reis. Como ainda fazem Dulce, Bela, Soanne e Bianca nas pontas dos pés, no movimento de suas cinturas e na coreografia de suas inspirações.
E, para finalizar esta minha prosa poética, se é que posso definir assim, as atribuições destes imperadores da arte, senhores e senhoras da Cultura desta terra, abençoada de talentos, daqueles que se foram, que se fazem presentes e dos que virão. Afinal, em terra que mana leite e mel, só não se deleita quem ainda não entendeu que não adianta correr atrás das borboletas. Cuida do teu jardim, que as borboletas virão até você.