Os aplicativos sociais são, à primeira vista, gratuitos. Eu disse, à primeira vista. Porque como dizia meu avô, “ninguém dá prego sem estopa!”. Esta expressão portuguesa veio junto com as naus de Pedro Álvares Cabral. Explico: Por mais que o prego penetrasse na madeira na construção de barcos, o buraco do prego permitia a passagem de água, sobretudo quando começava a enferrujar. Assim, um bendito construtor teve a ideia de usar uma estopa ensopada de betume junto com o prego, dando vida longa aos barcos.
Mas ao afirmar que “ninguém dá prego sem estopa” e comparar isso aos aplicativos ditos gratuitos, estou diretamente afirmando que seus idealizadores são bem cuidadosos neste sentido. Eles criam a obrigatoriedade de você ficar até 30 segundos vendo uma propaganda para ter acesso a mais 30 minutos do produto deles, como o spotify. E, por falar em produtos ou em milhares de produtos que são oferecidos diariamente e, você, acidentalmente ou intencionalmente clica num deles, verá que todas as redes que você abrir, estará lá o produto que você clicou, mesmo que você já tenha comprado. Isso não é mágica, isso é pensado. Desta forma, a máquina passa a conhecer seus desejos e seus movimentos. Fazendo com que você seja direcionado a novos sites e novos produtos.
Mas deixa eu te dizer uma coisa: o objetivo destas redes não são os produtos de consumo monetizados. O objetivo das redes é você. Você é o produto. É você que o Facebook, o Youtube, o Twitter, o Telegram, o WhatsApp quer. As redes sociais conhecem você muito mais do que você mesmo. Elas sabem quanto tempo você gasta diante de um celular ou de um notebook, sabe o que você gosta de vestir, sabe os sites que você mais acessa, conhece cada uma de suas preferências. Sabe até o que você vai ver primeiro ao abrir a máquina. Ela induz, direciona e diz até o que você precisa comprar. Em uma palavra, você é manipulado! Não, isso não é coisa de filme, é realidade! Embora um filme, na verdade um docudrama – tipo de filme que mescla depoimentos do documentário tradicional a cenas dramatizadas, chamado de “O dilema das redes”, fala com detalhes sobre esta questão e aponta, pelo menos, de acordo com o site “Negócios”, cinco pontos que aqui destaco para você prestar atenção se resolver assistir:
“se você não estiver pagando pelo produto – você é o produto”, já falei brevemente sobre isso;
as ferramentas nas redes sociais são desenhadas para viciar e manipular. Vejam o Tik-Tok e o Instagram, como exemplos;
as redes sociais oferecem falsas recompensas. De acordo o docudrama os profissionais vivem construindo pontes entre psicologia e tecnologia. Criando cada vez mais como tem prender frente aos aplicativos;
as redes favorecem uma explosão enorme de casos de depressão e ansiedade, especialmente em crianças e adolescentes, consequentemente ampliando a estatística dos suicídios infantis e, por fim, e não menos importante,
as fake news se espalham seis vezes mais rápido do que notícias verdadeiras.
As fake News se espalham desta maneira porque, geralmente, o internauta não clica na matéria, nem procura saber se aquela notícia é verdadeira. E o que ele faz? Repassa adiante. Afinal, como disse um certo ministro da propaganda na Alemanha nazista, “uma mentira dita muitas vezes torna-se verdade.”
Portanto, meu caro amigo leitor, meu caro amigo ouvinte. Se você não tem nenhum interesse em atividades fora da vida online, usa de forma prolongada computadores e smartphones e fica angustiado sempre que fica desconectado, ou ainda tem sempre a impressão de que uma experiência não está completa até que ela esteja postada no Facebook, Instagram, Twitter ou qualquer outra rede social, é quase certo que você está sendo manipulado.