Aguarde, carregando...

O Tabuleiro

PEOLLA PAULA STEIN

PEOLLA PAULA STEIN

O PEDESTRE E A CAMINHABILIDADE

Domingo passado foi comemorado o Dia Internacional do Pedestre. Não custa lembrar sempre que todos somos pedestres. O pedestre é o componente do trânsito mundial mais frágil e portanto se é o mais frágil deveria ser o mais protegido. Na prática, no entanto, não se observa esta preocupação. De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, infelizmente, pedestres e motociclistas dominam as estatísticas de óbitos em acidentes de trânsito, quando não, o óbito do pedestre é ocasionado pelo motociclista, em faixa de pedestres semaforizadas ou não. É preciso dizer que a responsabilidade é de todos, inclusive do pedestre. Andar pelas ruas ouvindo fone de ouvido, ou distraído no celular ou atravessando perigosamente são com certeza fatores que ajudam nessas tristes estatísticas de trânsito.
Mas eu queria mesmo era falar de um termo novo que surgiu na literatura científica para estudar o caminhar pela cidade. É uma metodologia que avalia como uma rua ou bairro pode se tornar convidativo, promovendo ambientes mais agradáveis e seguros com infraestrutura para facilitar a mobilidade a pé. O objetivo é que as cidades sejam mais caminháveis. Para isso, é necessário estar atento a alguns aspectos que podem interferir, como sensação de segurança, presença de outras pessoas, limpeza das ruas, poluição visual e sonora e atratividade da vizinhança. Tudo isso interfere.
Aqui no Brasil, o Instituto de Transporte e Políticas de Desenvolvimento (ITDP Brasil) realizou um estudo no Rio de Janeiro para avaliação das condições dos espaços públicos para pedestres e o impacto das ações de requalificação. Como resultado, foi criado o Índice de Caminhabilidade, com informações agrupadas em 6 categorias: segurança viária, atração, calçada, ambiente, mobilidade e segurança pública. Todos são mensurados por meio de 15 indicadores.
Eu e um aluno da pós-graduação da UFSB, Ricardo Becker, utilizamos esse Índice para calcular a caminhabilidade na Orla Norte aqui da cidade de Ilhéus. Primeiro deixa eu explicar porque a Litorânea Norte: porque é um local naturalmente bonito e agradável visto que é beira mar, que tem prática de esporte e também porque passou por uma requalificação urbana, ganhando ciclofaixa e faixa de ônibus, ou seja, é esperado que o índice de caminhabilidade dêem os melhores valores possíveis, não é mesmo? Mas não foi isso que aconteceu e a conclusão é bem simples: a intervenção como um todo teve foco no automóvel. Ou seja, não foram respeitadas as leis de acessibilidade universal, como também não foram construídas travessias nos locais convenientes para os pedestres, as que existem são convenientes para o carro. Não tem arborização suficiente para fazer sombra e trazer conforto térmico. E tudo isso, abaixo o valor quando vamos calcular o índice, sem contar outras questões. Mais detalhes deste estudo vocês podem ler procurando na internet por “Análise das calçadas e travessias de um trecho de orla de praia urbana por meio de um índice de caminhabilidade. Estudo de caso em Ilhéus”
Conclusão: nem só de calçada se faz uma cidade caminhável. E nesse ponto, Ilhéus poderia sair na frente de muitas cidades pois tem locais com paisagens atrativas, agora basta se atentar a outros atributos de caminhabilidade.
Eu sou Peolla Paula Stein, especialista em mobilidade urbana, para Ilhéus FM

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 12/08/2021 07h54

Veja mais colunas de PEOLLA PAULA STEIN :

Confira mais artigos relacionados e fique ainda mais informado!