Muitos dos meus leitores estão curiosos para ler “O Povoado das Onze Mil Virgens”, meu mais novo romance. Alguns até brincam com a ideia de um povoado tão pequeno possuir tantas virgens. O pior, ou melhor, é que este povoado existe mesmo e fica no Município de Conceição de Feira. Toda vez que eu vou para Salvador, pela BR 101, vejo a placa do lugar. O distrito que possui cerca de 177 moradores e 53 domicílios particulares serviu apenas de cenário para a narrativa dos causos fantásticos da trama como a migração anual dos peixes-voadores, os cavalos flutuantes do Rio Vermelho, a volta do inferno da mulher da boca suja e o dia em que a lua engoliu o sol.
As ilustrações do livro são do artista gráfico Jô Oliveira, premiado internacionalmente, e que também assina a capa. Jô captou a alma da história e viajou comigo na trama. A revisão é da escritora renomada Lucília Garcez, autora de mais de 18 livros infanto juvenis. O livro traz também duas contribuições importantes para o personagem Zé Domingos. São duas estrofes, uma criada pelo poeta Carlos Silva e outro pelo também poeta Piligra.
“O Povoado das Onze Mil Virgens” traz características do realismo mágico, também chamado de realismo fantástico que teve como expoente, entre outros, o escritor colombiano Gabriel Garcia Marquéz. Neste tipo de literatura alguns fatos são vistos como normais pelos personagens como a migração anual dos peixes-voadores. Há muitas passagens intuitivas, algumas até sem explicação, o que torna a história ainda mais interessante. Sou suspeito para falar sobre ela. Por isso convido vocês para o lançamento na próxima semana, dia 7 de novembro, às 19 horas, na Academia de Letras de Ilhéus.
Uma outra característica do realismo mágico que é marcante em “O Povoado das Onze Mil Virgens” está na percepção do tempo cíclico ao invés de linear, seguindo tradições dissociadas da literatura moderna. Ao contrário da maioria dos romances, O Povoado das Onze Mil Virgens transforma o comum em uma vivência que inclui experiências sobrenaturais e muitas vezes até fantásticas como sonho da personagem Janina da Ressureição dos Últimos Dias. Bem, é isso. Aproveitei esse podcast de hoje para fazer este jabá. Afinal, ninguém é de ferro.