Em julho de 1985, a edição número 73, da revista Heróis da TV, chegava as bancas de Ilhéus. Todos os meses, além das emocionantes aventuras do Homem de Ferro, Homem Aranha, Thor, Surfista Prateado, Vingadores e tantos outros, trazia duas páginas dedicadas às cartas dos aficionados leitores da Marvel, chamada de “Supercorreio Marvel”. E, para a minha surpresa, a carta que havíamos enviado um mês antes foi publicada com um desenho de uma das melhores cenas românticas do universo Marvel: Surfista Prateado e sua amada Shalla Ball na partida, para sempre do Surfista de seu planeta Zenn-La, Sistema Deneb, Via Láctea.
Havíamos criado, eu, Gilvan, Edilson e Marcos, a Friendship Marvel Brasileira, um clube de correspondência Marvel para falar das histórias, desenhos e personagens Marvel. Na carta publicada tínhamos acabado de escolher os 15 melhores da revista Heróis da TV em 1984. Apresentávamos ali para aquele universo leitor o melhor herói, a melhor heroína, a melhor história, o melhor desenhista, o melhor argumentista, a melhor capa, o herói que mais se destacou, a cena mais dramática, a mais emocionante, a mais violenta, o melhor grupo de heróis: “Os Vingadores”, o melhor vilão e a melhor vilã. No final da carta, a redação da Marvel agradecia pela escolha e aproveitava para informar a toda comunidade marvete nacional e internacional que as inscrições para entrar no clube estavam abertas. Bastava escrever para o endereço acima. Foi o suficiente para recebermos centenas e centenas de pedidos de sócios até de Moçambique!
O clube Friendship Marvel Brasileira foi minha primeira experiência cultural. Graças aos gibis da Marvel e a tantos outros gibis que eu me apaixonei pela leitura, pelo desenho, pela literatura. Até hoje não perco um só filme da Marvel. Tenho amigos advogados, médicos, secretários que vão no mesmo barco. Não são somente os superpoderes, as manobras mirabolantes, os efeitos espetaculares que nos atraem. Mas a maneira com que cada um daqueles heróis Marvel encontra para resolver questões comuns, tão parecidas com as nossas. Sofrem das mesmas angústias, prazeres, tristezas e alegrias, mesmo possuindo superpoderes.
O saudoso Stan Lee, Roy Thomas, John Buscema, Gerry Conway e tantos outros nos fizeram viajar por esse universo. Que venha “Os Vingadores: Ultimato”. Estamos ansiosos para saber com os heróis vão lidar com a dor da perda de amigos e seus entes queridos e destruir o maior vilão de todos os tempos, responsável pela morte de metade da população mundial, Thanos. E Tony Stark, vagando perdido no espaço sem água nem comida, conseguirá se livrar dessa? Talvez Steve Rogers e Natasha Romanov, a Viúva Negra, encontrem a solução.