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EUGÊNIO BADARÓ

EUGÊNIO BADARÓ

SE PERANTE A COVID, QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO NAS CIDADES?

 Não é fácil responder a estas questões, porque não dispomos de informação suficiente sobre quando terminará a pandemia e, de momento, não podemos senão especular a respeito do seu impacto na cidade a longo prazo. Contudo, uma lição que podemos tirar dos últimos seis meses (entre o começo da pandemia e finais de 2020), é que o espaço público assume um protagonismo maior nos bairros onde vivemos, porque se expressa como extensão da casa.

 Se, inicialmente, assistimos a ruas e praças vazias devido às recomendações dos governos para não sair de casa, entretanto, com o retomar das atividades do dia-adia, o espaço público torna-se, novamente, chave na discussão do futuro das cidades saudáveis. Na segunda fase da pandemia, ao ter de ficar em casa em regime de teletrabalho ou ao ir para o trabalho de forma segura, alteram-se as rotinas dos cidadãos na utilização das ruas, praças, jardins e parques. Muitas pessoas descobriram, de forma mais lúdica, a cidade e os seus vizinhos, e   começaram a rever e ponderar as suas necessidades.


 Nesta reflexão, dois pontos se destacam. O primeiro prende-se com uso ativo dos jardins dos bairros, uma vez que as pessoas têm mais tempo para estar com a família, e com a criação de esplanadas em via pública para que os restaurantes e bares possam estar abertos. Na Europa, o uso partilhado de ruas e espaços aumentou, permitindo a venda de rua, organizada em determinados dias ou horas do dia, ou para atividades de lazer, assistir a espetáculos ou aulas de ginástica. Estes usos têm sido fundamentais para reduzir os níveis de stress, na melhoria da saúde mental, no bem-estar da comunidade e o desenvolvimento saudável das crianças.

    O segundo prende-se com a mobilidade suave e o andar a pé. Estes não são temas novos, porém, assumem um novo protagonismo, também, no centro da discussão perante a Covid19. Como exemplo, em Paris, foi lançado o projeto de transformar a capital de França numa “cidade de 15 minutos”, ou seja, uma cidade em que o cidadão levaria apenas 15 minutos de bicicleta, patinete ou a pé para chegar ao trabalho, aos serviços, ao comércio e aos equipamentos de lazer. Os Emirados Árabes, já projetam sua cidade 15 minutos, onde toda mobilidade será subterrânea, cobrindo toda cidade.

   Na mensagem da UN-HABITAT (Não Habitat) sobre a Covid-19 e o espaço público (2020), a entidade internacional alerta para várias lacunas no desenho do espaço público, como a acessibilidade, a gestão e manutenção, o desenho, a flexibilidade, a conectividade e a distribuição equitativa na cidade, e recorda como estes elementos são também parte da resposta à pandemia, obtendo respostas cada vez mais rigorosas às transformações complexas orientadas para o futuro.

  Sim, investir em Cidades Inteligentes, Resilientes, e consequentemente Sustentáveis, é um caminho sem volta. Ainda bem.

 


Eu sou Eugênio Badaró, especialista em Cidades Inteligentes.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 15/04/2021 12h37

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