O verão está chegando e a nossa cidade está de portas abertas para receber os visitantes que se espalham pelas cabanas de praia, pelo centro histórico, pela Avenida Soares Lopes, pelas ruas do calçadão, pelo balneário Tororomba, pelos distritos paradisíacos localizados mais ao norte; e pelos sítios históricos, sobretudo o Rio do Engenho.

Em cada um destes espaços e cenários, as pessoas estão preparadas para receber os turistas. Garçons sorridentes, cobrando o que é justo; comida da melhor qualidade, guias turísticos com a história da cidade na ponta da língua; taxistas educados, ônibus confortáveis, com ar-condicionado, motoristas e cobradores super solícitos, pacientes, esperando os mais velhos descer e subir. Alguns deles até saem de suas obrigações para ajudar uma velhinha ou um velhinho descer do veículo. A cidade é só sorriso.

Nos blogs, sites, facebook e no instagram o município é chamado de #cidade hospitaleira, #ilhéusteama, #sejabemvindo, #voltesempreamigoturista. Uma verdadeira profusão de hashtags elogiosos que até enjoa. As pessoas abrem as portas de suas casas, apartamentos e condomínios para o airbnb, com preços e locais maravilhosos. As fotos postadas nas redes são idênticas aos espaços oferecidos. Os turistas podem vir sem medo.

Muitos fazem fila para tirar foto com nosso escritor mais famoso. Alguns são mais afoitos, tentam subir na estátua, abraçar com rigidez o escritor, beijam, se esfregam e escancaram os dentes para que as poses corram o mundo e registrem sua passagem pela terra de Gabriela e de Jorge Amado.

Ah, como seria fantástico se isso fosse mesmo uma realidade. SQN – Só que não! Ainda estamos longe, muito longe de ser assim, de receber as pessoas assim, de se comportar com aqueles que nos visitam anualmente assim. Temos problemas, muitos problemas. Só não resolvemos porque não queremos. Porque se quiséssemos, seríamos um outro povo, uma outra cidade, uma nova história.

Infelizmente, só nos lembramos que eles, o Turismo e a Cultura, existem, quando os transatlânticos ancoram no Porto do Malhado, quando as ruas ficam intransitáveis, quando a gente não consegue andar à vontade pela Avenida.